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terça-feira, 26 de junho de 2012

Constituição da Ditadura

Constituição da Ditadura me parece o termo mais próximo do que aconteceu com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Qualquer manifestação estrangeira neste momento parecerá equivocada. Corro aqui o mesmo risco. Seus "caçadores" - todos - foram eleitos pelo povo, democraticamente, a não ser as verdadeiras intenções... E a sua Constituição?
Se a Carta Magna paraguaia permite um impechment nos termos e no processo como foi aplicado, ninguém tem nada a ver com isso; mas cabem duas perguntas: seria uma manobra legislativa a execução de um golpe com tamanha rapidez? E outra: se o texto legal do respectivo instrumento jurídico permite tamanha atrocidade, como foi possível outorgá-la - não teria passado por uma revisão, com vistas a amplo direito de defesa?

É no mínimo estranho que parlamentares tão unidos o fizessem sem uma carta na manga a menos de nove meses das próximas eleições. E estaria Lugo impedido de participar do voto em abril de 2013?
O embargo econômico com o Mercosul não estava previsto pelos supostos golpistas?
São mais perguntas do que respostas.

A mídia brasileira
A nossa imprensa vendida está dando ares de normalidade ao ocorrido, mostrando ruas, cafés e movimentação diária em situações do cotidiano paraguaio e sem insinuação grave de que o povo está insatisfeito ou fazendo manisfestações nas ruas. A mídia conservadora está mesmo com as barbas de molho, embora seus jornalistas estejam articulando um discurso legalista e tentando descaracterizar o golpe, na medida do possível.
Por outro lado, mantém uma corda de balão ao alcance, com argumentos que não desprezem a rapidez da condenação do presidente paraguaio, pois assim, no futuro, se for considerado realmente um golpe, ter-se-á a opinião democrática validada. Como a opinião está garantida - por lei - aqui no Brasil, podem fazer afirmações sem constatações, a título de liberdade de expressão .

Pimenta nos olhos dos outros é refresco
Quando Hugo Chaves, para uma empresa de telecomunicações na Venezuela (um grupo midiático), dentro da Lei, estava por revogar-lhe a concessão, isto é, não renovar, a mídia brasileira "pulou nas tamancas" e gritou aos quatro cantos que era um ato despótico e anti-democrático.
Agora, a cassação de Lugo está dentro da legalidade, dizem os arautos dos capitalistas, e amenizam: "embora possa ser realmente um golpe", já que teve somente duas horas para se defender.

Conveniente, muito conveniente...