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quarta-feira, 8 de maio de 2013

O Círculo da Mídia

Editorias. Temos muitas: política, fanzine, cultural, cidade, mundo, economia, policial e outras. Mas falta aquela que fala essencialmente da questão social, reduzida a notícias diluídas. Os poderes midiáticos não estão interessados nas questões sociais e, por isso, não abrem um caderno, muito menos uma revista para tal. O Social está em baixa, do ponto de vista midiático, justamente porque não tem um patrocinador interessado no assunto. As ONGs com perspectivas filantrópicas não patrocinam nem anunciam, pois esperam ser patrocinadas.
Qualquer ação social é feita aos pedaços, aos projetos, com início, meio e fim, ainda que sejam fundações voltadas para crianças. É uma colcha de retalhos desintegrada, isto é, sem integração. As iniciativas voltadas para uma determinada comunidade ou um público alvo específico são fonte de subsistência dessas organizações, que se alimentam da ausência do Estado, daí serem enquadradas como o Terceiro Setor.
A Mídia a serviço desta ausência também ocupa a lacuna viciosa.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Santa Maria, Rogai na Hora do Beijo da Morte

          Ave Maria, oração tão bem dissecada por Tomás de Aquino é uma celebração ao momento da morte, inclusive. A cidade de Santa Maria e seus mais de 240 mortos - na boate Kiss - tornou-se o baluarte da oração (parte que não está na Bíblia  - cf. em Origem Oração Ave Maria ), mas ganhou um evento de proporções bíblicas, com direito a profecia, até.
         A mídia tenta paralisar o tempo; os editores  (os operadores dos holofotes midiáticos) e respectivas mariposas buscam novos fios de luz na tentativa, não de aliviar a dor dos parentes e dos sobreviventes, uma vez que os falecidos não sofrem mais; pior: sublinham o velório, momento que mais se sofre pela perda do ente. Caçam sobreviventes para entrevistas catatônicas.
     No intento de esclarecer o ocorrido, a mídia camufla algumas razões, alguns fatores e até ocultam responsabilidades possíveis, uma vez que está mais interessada na audiência e no status quo destes desastres, isto é, quanto mais tragédias e genocídios, melhor, mais anúncio e mais projeção para a importância do ato de informar fatos e cataclismos. Aos berros.
    Por outro lado, a mídia quer apresentar o máximo de especialistas e órgãos responsáveis: a prefeitura, a defesa civil, a construtora do prédio, a corrupção que permitiu o funcionamento da casa de show, os chineses por inventarem a pólvora, os engenheiros de tubulação, os fabricantes e projetores das saídas de emergência, os tipos de garrafas e cilindros dos extintores, os que estavam e os que não estavam funcionando, e uma sequência de outros culpados, inclusive o maior deles, o dono do estabelecimento que servirá de boi de piranha, de bode expiatório, de judas em sábado de aleluia, de Pilatos por ter lavado as mãos com o dinheiro da féria da festa etc.
    Não foi possível a nenhum jornalista ou canal de notícias omitir-se, deixar de cobrir e enviar arautos com seus pads a fim de trazer um dado novo ou repetido. As paráfrases se espalharam por dias a fio desde o dia que as parcas imagens se transmitiram pelos fios invisíveis dos satélites de comunicação que o Brasil aluga para momentos como esse, inclusive.
     Jornais e botequins, festas e festinhas, jovens e idosos são interlocutores de mais uma tragédia para inaugurar 2013 (uma vez que a enchente de Duque de Caxias-RJ foi salva pelo cantor Zeca Pagodinho).
A obrigação do assunto e a discussão sobre a verdade que levou a essa tragédia anunciada ainda tem vida longa, talvez mais longa que a do Bateau Mouche em 1988, com 150 vítimas em pleno réveillon.

Em busca de tragédias anunciadas
Há programas de documentários americanos que apresentam caçadores de tufões, vulcões, furacões, com direito a patrocinadores e uma parafernália tecnológica de instrumentos e prospecções para o estudo, fotografias e documentação a fim de mostrar as tragédias anunciadas. Sem precisar pagar royalties aos ianques, a mídia brasileira teria este filão, em vez de mostrar esses garotinhos de 26 anos em busca de aventuras radicais e quedas dágua na Tailandia - nada contra os passeios e novidades do canal GNT - mas deve haver jornalista afeito a estas descobertas, estas prospecções de casas de multidão prontas para explodir.

    Agora temos a receita publicada, inclusive no Youtube, não só de como fazer pólvora, mas também, ficou fácil fabricar um barril explosivo com pessoas dentro (com ou sem pólvora - para não culpar os chineses pela pirotecnia de diversão, tão difundida em Copacabana na passagem de ano). Talvez seja mais difícil achar estes barris, pois estão bem camuflados por vários agentes: a prefeitura, o proprietário, os agentes de bombeiros, a defesa civil e outros órgãos que exigem alvará de funcionamento.
     Fica fácil, depois que explodem como foi o caso da Boate Kiss - o Beijo da Morte.

"Boate Kiss - o Beijo da Morte" poderá ser a versão 2013 do filme Ônibus 174 no cinema para 2014.



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Carnaval Brasileiro e Nazismo Alemão

(O título é um pleonasmo proposital). E o que estes termos tem em comum?
A última notícia que li no Facebook a respeito do carnaval está em:

odia.ig.com.br
Nomes das agremiações viram expressões de cunho sexual em programa de computador
Proposital é a intenção de associar o carnaval carioca (e brasileiro, por extensão) a uma festa de pura sacanagem, desprovida de arte e tecnologia.

A hipocrisia brasileira tem marca registrada, isto é, por ser velada e galhofeira o modo brasileiro de ser falso é peculiar, como seu futebol antigo, sua música de samba enredo, seu carnaval. Trata-se de uma constatação de que o Carnaval Carioca (com maiúsculas mesmo) é o estandarte e o legado para o estrangeiro em busca de diversão e catarse, só possíveis em circunstâncias libertinas, favoráveis nas festas glutonas do corpo.

Sem querer tomar posição puritana a verdade é que a propaganda nazista infestou a Alemanha com um sentimento de renovação e de refundação da nação alemã. Para isso usou o cinema (a mídia mais eficaz na época) e os grandes desfiles. O Governo Brasileiro e seus empresários do Carnaval Carioca usam a mesma técnica de Goebbles: a mídia e os grandes desfiles (espetaculares), armas poderosas na função apelativa da linguagem (segundo Roman Jakobson -http://pt.wikipedia.org/wiki/Roman_jakobson).
O calendário brasileiro, como todos sabem, (a exemplo do calendário romano, só começa em março), quando se renovam as energias para um ano de expectativas. Se Marte era o deus predileto dos cidadãos de Roma (e quando acaba o inverno no hemisfério norte), as efemérides comerciais brasileiras tomam início, a fim de se renovar as negociações e negociatas. O turista deixa o dólar e leva a lembrança (souvenir) da mulata e da camiseta colorida.

O que se nota é a magnificência do espetáculo e não a dos artistas e dos engenheiros que o tornam possível e realizável. É a aparência ditando a norma, enquanto a estrutura, o cerne são ocultados para não parecer sério e sim carnavalesco. Daí uma imagem estereotipada, como ficou o nazismo em todo o mundo.