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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Direito à Língua ou Regras do Idioma?

Disse a ilustre jurista que ama a língua portuguesa.
Certo, correto, corretíssima! (Concordo).
No entanto, desconhece o que são metaplasmos.
Como jurista, está firmada ao aspecto legal da língua, aspecto que impõe certo engessamento, visto que as leis são marcos determinados para referenciar, e, como tal, não devem ser móveis ou evolutivos. Mesmo? Temos certeza disso?
Marcos legais também sofrem mudanças. Eis um dos maiores exemplos recentes: a reformulação do código civil e até antes - a lei do divórcio - ainda que contrariando uma sociedade conservadora.
Os mecanismos que regem a legislação do Direito não são definitivamente os mesmos que regem as leis da língua. Língua não tem lei, tem princípios e fenômenos linguísticos. O que está sob a tutela da lei é o idioma - pois idioma e língua são fatos diferentes e pertencem a universos regulados por princípios diferentes.
Devemos ter MUITO cuidado ao confundir as leis que regem os homens - o chamado Direito Positivo - e leis da língua. Há uma ciência própria para isso: a Linguística.
Esta ciência - que não é exata-, observa criteriosamente os metaplasmos, sejam eles sincrônicos ou diacrônicos.
Assim é bom acautelar-se, pois a Gramática Normativa não pode se apoderar da língua e não tem a prerrogativa de manter a língua estática.
A ascensão das mulheres e dos homossexuais, em detrimento da heteronormatividade, é o fator determinante para que a língua mostre sua independência original do idioma. Isto quer dizer que o primado do falocentrismo está em fase de arruinamento. O papel da língua, à luz da Linguística enquanto ciência sem preconceitos, isenta e cientificamente adequada, é refletir as mudanças e alterações culturais, históricas e assim por diante.
O corretíssimo hoje pode ser o erradíssimo amanhã e vice-versa.
Quando a jurista escolhe ser chamada de presidente, duas concepções estão na berlinda.
A primeira é a prerrogativa pessoal de acompanhar um aspecto diacrônico e somente diacrônico, senão, meramente focado pela gramática normativa (já que normas é a sua especialidade). A segunda é o antagonismo implícito em uma postura política, em defesa de sua convicção ideológica (ou até partidária, arrisco). Neste aspecto, quando a mídia posta isso em suas locações alugadas do poder público (concessões) o significado ganha um peso perigoso, visto que os leitores e ouvintes estão propensos a concordar, senão, repetir o que assistem e leem.
Perigoso mesmo, por que ouvir tal provocação, pessoalmente, tem outra atmosfera, portanto, outro valor e significado.
Devemos ter cuidado com estas armadilhas...

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Rio de Janeiro - Das Letras às Melodias Olímpicas

Queridos cariocas, aproveitem.

Ô Abram alas
Qu´eu quero passar...

Aproveitem o naco de cidadania que as autoridades estão fazendo divulgar através das mídias e, exclusivamente através das mídias.

Quem pensou que a imprensa é um órgão livre e dotado de liberdade de expressão?
Está enganado?
Exercício do contraditório e do direito a resposta - o que é isso?
E (aqui vamos nós!), deparamo-nos com a monarquia das mídias. Muitas.
São muitas, é verdade, mas obedecem a um princípio constitucional (do que se constituem) da própria regulamentação da oferta e da demanda - princípio não jurídico, mas de efeito por fato - não necessariamente de direito.
(Só para acompanhar as eleições dos EEUU, a Constituição está na moda - isto é na mídia).

Temos a oportunidade de contemplar as benesses do estado democrático provedor. Impostos usados em prol de recursos (jamais seriam contemplados), como asfalto e marcações nas avenidas limpas e dotadas de iluminação pública - luz da lâmpada queimada (e substitídos com lentes de contato colorida) nos olhos da carioca:
Ela é cariocaEla é cariocaBasta o jeitinho dela andarNem ninguém tem carinho assim para darEu vejo na luz dos seus olhosAs noites do Rio ao luar... 
... a fim de manter vivos os outdoors que vamos exportar nos chips das câmeras que fotografarão o Rio de Janeiro. Não é lindo? Seremos visualizados nas telas do mundo inteiro, públicas (broadcast) e particulares (pads, ipods, tablets, notebooks etc and cetera).

As mídias pagas e voluntárias estão a nosso serviço: meteorologia, tráfego e transporte público de qualidade, plantões de médicos, para-médicos, enfermeiros, estoque a vontade no banco de sangue e outras regalias que antes das bodas de Canaã ainda não tinham sido contempladas pela transformação maravilhosa, diante da recusa do conhecido taumaturgo J.C. neotestamentário - de água para vinho - e da melhor qualidade, mesmo ao fim da festa, quando todo o vinho se extinguira nas ânforas de barro cozido.

De barro cozido pelo calor infernal de São Gonçalo, de Nilópolis, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e toda uma plêiade de cidades-satélites que se alimentarão das dispensas e abundantes regalias ao Rio de Janeiro. Não é lindo?
O Rio do samba e das batucadasDos malandros e mulatasDe requebros febris
Os aeroportos, enquanto a melhor saída para o Brasil, (segundo Tom Jobim), agora são a melhor entrada. Rio de Janeiro, gosto de você:
Rio de janeiro, gosto de você Gosto de quem gosta Deste céu, desse mar, Dessa gente feliz...
Gente feliz?
Ah! Sim, as que dão entrevistas editadas nas tvs e nas rádios? (Na mídia e para a mídia abrem seu sorriso carioca e maroto, esquecendo que é carioca, se achando cidadão do mundo olímpico).

Quem vai lavar o terreiro depois?
Quem vai lavar as latrinas?
Quem vai desentupir os esgotos? (Tarefas desde o Leme ao Pontal).

E em setembro, ("quando chegar setembro"), cantaremos em uníssono:
(incluindo toda a baixada fluminense, o Engenhão, o Caio Martins, o Maracanã, o Célio de Barros,
o Júlio Delamare, a Fundação Xuxa, o Fórum, as ruas do Jacaré e até a beira-mar das ilhas do Governador e de Paquetá).

O Rio de JaneiroContinua lindoO Rio de JaneiroContinua sendoO Rio de JaneiroFevereiro e março

Continua lindo para quem, cara pálida?

Enquanto isso, feriados de última hora: sem fregueses na porta, sem alunos em sala.

Velho Guerreiro,
Aquele abraço...