Visualizações de páginas

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mídia e 13 de Maio

Depois de 124 anos de "abolição" dos escravos a Lei Áurea, decretada por uma mulher senadora (a princesa Isabel, filha de D. Pedro II) a "moderna" e atualizada mídia brasileira ignorou o fato, face a força avassaladora do Dia das Mães, criadas para vice-reinar o Natal no meio comercial e de entrega de presentes. Os shoppings cheios de consumidores em estado de cidadania estiveram ocupados em pensar em um novo presentinho para a mamãe, corolário da família católica apostólica conservadora e compradora.
E como comprar presentes para um escravo que, supostamente, não vive mais?
As mães, no entanto, se dizem escravas e preservam este estado à medida que o reproduzem ao "educar" seus filhos, trabalhando fora ou não.
(É bom lembrar que a escravidão e o trabalho escravo são conceitos diferentes hoje em dia).

O refererido jornal O GLOBO (no post anterior acima) não cita uma palavra sequer sobre o tema e reserva inúmeras páginas, tanto no segundo caderno como em sua revista de TV.

Seria uma forma de a sociedade capitalista e midiática se confessar frente a seus tabus?

Cultura Portuguesa, Crise Econômica e Mídia

Foi publicado no O Globo de domingo, 13/maio/12 (e no vespertino para tablet O GLOBO A MAIS) acerca do estado d´arte de Portugal. A crise econômica fez o governo portugês cortar o Ministério da Cultura inteiro e reduzi-lo a uma pessoa - Francisco José Viegas -  Secretário de Estado da Cultura.
A frase que eu destacaria da reportagem, para suscitar esta perspectiva é a seguinte:
        " Somos tratados
          pelo governo
          como 'subsídio-
          dependentes.´ E
          as empresas de
          construção? Vivem
          de contratos. "              (Rui Xavier, artista plástico)
(Imediatamente reportei-me à política brasileira, onde as empreiteiras, cujos empresários são amigos e lobistas de políticos e governantes, mormente no Estado do Rio de Janeiro, fazem contratos bilionários com os governantes, uma vez que o estado brasileiro não subsidia a agricultura (área rural), mas financia as obras públicas (áreas urbanas)).
A crise por que passa o Estado lusitano remete ainda diretamente ao governo Collor, quando a cultura brasileira ficou reduzida ao entendimento de pó - com exceção da cultura de massa, de quem a televisão é a locomotiva.
A tristeza por que passa o metier artístico ultramar é flagrante e uma "metáfora real", por assim se dizer, é ponto de encontro de um submundo para poetas: um bar subterrâneo em Lisboa - o Bartleby, "em homenagem ao "Bartleby" de Melville (personagem que sempre responde: "Preferia não o fazer". A declinação como resistência)." No entanto, o meio está dividido entre os que ficam e os que abandonam. (Lembra o governo Médici (1969-1974), com o célebre slogan -"Brasil: ame-o ou deixe-o" (e cuja audácia ideológica do regime da época resume o reconhecimento do Estado Brasileiro frente à resistência).
No Brasil, a Rede Globo estava gerando as Organizações Globo - não se falava em perseguição, nem se fazia propaganda declarada, nem do Capitalismo e nem contra o Comunismo (tudo era subliminar, a única parte inteligente da ditadura brasileira).
E é justamente a ditadura do capital, mais esperta e sabida do que a militar, cunhando o termo mídia, a responsável pela esquizofrenia da cultura em Portugal. É bem verdade que o Estado português e a Fundação Gulbenkian "viciaram" os artistas de lá. Era uma migalha da política socialista anterior deixada às vésperas da crise mundial; política que foi dizimada com a hegemonia da Direita na Europa (apesar deste quadro estar mudando com as eleições em França, com a subida de François Hollande).
Sem editais e sem projetos, 2013 é uma incógnita de parâmetros conhecidos em Portugal, preconizam alguns.

É a verdadeira face do Capitalismo frente à Cultura.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Tabagismo e Mídia


O cheiro e a fumaça provocada pelo cigarro são resíduos tóxicos. Se está pensando em legislação dos resíduos, engana-se. Não se trata disso. Foi veiculado esta semana que a composição dos preços dos cigarros vai sofrer um acréscimo proporcional, aquém, ainda do praticado na Europa. A indústria do tabaco ordinário que vende estes maços bonitinhos de cigarro está, no entanto, tranquila, pois a legislação acerca dos condicionantes como a nicotina não foi alterada.  O faturamento e o vício estão garantidos.
Por um lado, a legalização das drogas é uma atitude salutar. No entanto falta coragem, preparo político e cultural. Por outro, o problema da saúde pública e do combate às drogas lícitas, como as bebidas alcóolicas e o tabagismo permanece como operação enxuga gelo. A diferença preliminar é que, com a droga lícita, há um possível recolhimento de impostos, enquanto com as ilícitas, há um gasto com impostos.

A mídia parou de veicular anúncios publicitários para cigarros e reduziu para bebidas (a cerveja se salvou). A festa dos anos 60, 70 e 80 acabou com chegada da cultura do politicamente correto. Até no cinema nacional o cigarro e os drinks estão mais comedidos ou ausentes. Com isso, pensou-se que as pessoas estariam menos estimuladas a consumir estes produtos tão maléficos... Será?
Qual nada! Basta olhar para o chão e ver as guimbas de cigarros espalhadas entupindo os ralos nos meio-fios. Nos bares, nos churrasquinhos de rua, nos moradores de rua e em tantos lares, as garrafas de pinga e cia ltda estão presentes; e há quem tome um gole ou outro. Tomar um gole é um fato, outro é sair da balada cheio de fumo e etílico a bater em postes, calçadas, canteiros, moscas e elefantes diante de uma operação Lei-Seca em busca de "bandidos" com o bafômetro na mão esquerda e o talonário de multas na direita, enquanto a indústria do alcoolismo e do tabagismo se refestelam em economizar a grana da publicidade da qual foi "proibida". É o boca-a-boca como melhor tática de marketing, a velha mídia do seu Joaquim que vendia em seu armazém de secos e molhados de volta à cena.
Internet? Qual nada! Isso é para outros aficcionados... Não tem nada a ver com cigarros e uma caipirinha durante os emails...