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quarta-feira, 18 de julho de 2018

Filosofia Prática

Este título é de uma filósofa brasileira bastante atuante e conhecida, inclusive nas mídias brasileiras.
Sua atuação militante também tem sido notada por vários segmentos da sociedade.
Dentre seus livros sobre filosofia, gostaria de comentar o chamado Filosofia Prática.
Neste conjunto de textos, com vários temas diferentes, a autora versa sobre questões do dia-a-dia com o olhar filosófico, ou seja, com uma abordagem pelo viés do estranhamento, causando impacto reflexivo sobre atividades corriqueiras que consideramos "normais", "triviais" e até compulsórias.
Serão, de fato, compulsórias? Somos mesmo obrigados a agir e cumprir tarefas de modo tão compelidoras ou temos alternativas não ditas, que dependem de nossa volição?

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Direito à Língua ou Regras do Idioma?

Disse a ilustre jurista que ama a língua portuguesa.
Certo, correto, corretíssima! (Concordo).
No entanto, desconhece o que são metaplasmos.
Como jurista, está firmada ao aspecto legal da língua, aspecto que impõe certo engessamento, visto que as leis são marcos determinados para referenciar, e, como tal, não devem ser móveis ou evolutivos. Mesmo? Temos certeza disso?
Marcos legais também sofrem mudanças. Eis um dos maiores exemplos recentes: a reformulação do código civil e até antes - a lei do divórcio - ainda que contrariando uma sociedade conservadora.
Os mecanismos que regem a legislação do Direito não são definitivamente os mesmos que regem as leis da língua. Língua não tem lei, tem princípios e fenômenos linguísticos. O que está sob a tutela da lei é o idioma - pois idioma e língua são fatos diferentes e pertencem a universos regulados por princípios diferentes.
Devemos ter MUITO cuidado ao confundir as leis que regem os homens - o chamado Direito Positivo - e leis da língua. Há uma ciência própria para isso: a Linguística.
Esta ciência - que não é exata-, observa criteriosamente os metaplasmos, sejam eles sincrônicos ou diacrônicos.
Assim é bom acautelar-se, pois a Gramática Normativa não pode se apoderar da língua e não tem a prerrogativa de manter a língua estática.
A ascensão das mulheres e dos homossexuais, em detrimento da heteronormatividade, é o fator determinante para que a língua mostre sua independência original do idioma. Isto quer dizer que o primado do falocentrismo está em fase de arruinamento. O papel da língua, à luz da Linguística enquanto ciência sem preconceitos, isenta e cientificamente adequada, é refletir as mudanças e alterações culturais, históricas e assim por diante.
O corretíssimo hoje pode ser o erradíssimo amanhã e vice-versa.
Quando a jurista escolhe ser chamada de presidente, duas concepções estão na berlinda.
A primeira é a prerrogativa pessoal de acompanhar um aspecto diacrônico e somente diacrônico, senão, meramente focado pela gramática normativa (já que normas é a sua especialidade). A segunda é o antagonismo implícito em uma postura política, em defesa de sua convicção ideológica (ou até partidária, arrisco). Neste aspecto, quando a mídia posta isso em suas locações alugadas do poder público (concessões) o significado ganha um peso perigoso, visto que os leitores e ouvintes estão propensos a concordar, senão, repetir o que assistem e leem.
Perigoso mesmo, por que ouvir tal provocação, pessoalmente, tem outra atmosfera, portanto, outro valor e significado.
Devemos ter cuidado com estas armadilhas...

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Rio de Janeiro - Das Letras às Melodias Olímpicas

Queridos cariocas, aproveitem.

Ô Abram alas
Qu´eu quero passar...

Aproveitem o naco de cidadania que as autoridades estão fazendo divulgar através das mídias e, exclusivamente através das mídias.

Quem pensou que a imprensa é um órgão livre e dotado de liberdade de expressão?
Está enganado?
Exercício do contraditório e do direito a resposta - o que é isso?
E (aqui vamos nós!), deparamo-nos com a monarquia das mídias. Muitas.
São muitas, é verdade, mas obedecem a um princípio constitucional (do que se constituem) da própria regulamentação da oferta e da demanda - princípio não jurídico, mas de efeito por fato - não necessariamente de direito.
(Só para acompanhar as eleições dos EEUU, a Constituição está na moda - isto é na mídia).

Temos a oportunidade de contemplar as benesses do estado democrático provedor. Impostos usados em prol de recursos (jamais seriam contemplados), como asfalto e marcações nas avenidas limpas e dotadas de iluminação pública - luz da lâmpada queimada (e substitídos com lentes de contato colorida) nos olhos da carioca:
Ela é cariocaEla é cariocaBasta o jeitinho dela andarNem ninguém tem carinho assim para darEu vejo na luz dos seus olhosAs noites do Rio ao luar... 
... a fim de manter vivos os outdoors que vamos exportar nos chips das câmeras que fotografarão o Rio de Janeiro. Não é lindo? Seremos visualizados nas telas do mundo inteiro, públicas (broadcast) e particulares (pads, ipods, tablets, notebooks etc and cetera).

As mídias pagas e voluntárias estão a nosso serviço: meteorologia, tráfego e transporte público de qualidade, plantões de médicos, para-médicos, enfermeiros, estoque a vontade no banco de sangue e outras regalias que antes das bodas de Canaã ainda não tinham sido contempladas pela transformação maravilhosa, diante da recusa do conhecido taumaturgo J.C. neotestamentário - de água para vinho - e da melhor qualidade, mesmo ao fim da festa, quando todo o vinho se extinguira nas ânforas de barro cozido.

De barro cozido pelo calor infernal de São Gonçalo, de Nilópolis, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e toda uma plêiade de cidades-satélites que se alimentarão das dispensas e abundantes regalias ao Rio de Janeiro. Não é lindo?
O Rio do samba e das batucadasDos malandros e mulatasDe requebros febris
Os aeroportos, enquanto a melhor saída para o Brasil, (segundo Tom Jobim), agora são a melhor entrada. Rio de Janeiro, gosto de você:
Rio de janeiro, gosto de você Gosto de quem gosta Deste céu, desse mar, Dessa gente feliz...
Gente feliz?
Ah! Sim, as que dão entrevistas editadas nas tvs e nas rádios? (Na mídia e para a mídia abrem seu sorriso carioca e maroto, esquecendo que é carioca, se achando cidadão do mundo olímpico).

Quem vai lavar o terreiro depois?
Quem vai lavar as latrinas?
Quem vai desentupir os esgotos? (Tarefas desde o Leme ao Pontal).

E em setembro, ("quando chegar setembro"), cantaremos em uníssono:
(incluindo toda a baixada fluminense, o Engenhão, o Caio Martins, o Maracanã, o Célio de Barros,
o Júlio Delamare, a Fundação Xuxa, o Fórum, as ruas do Jacaré e até a beira-mar das ilhas do Governador e de Paquetá).

O Rio de JaneiroContinua lindoO Rio de JaneiroContinua sendoO Rio de JaneiroFevereiro e março

Continua lindo para quem, cara pálida?

Enquanto isso, feriados de última hora: sem fregueses na porta, sem alunos em sala.

Velho Guerreiro,
Aquele abraço...

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Franciscano ou Socrático?

Poupemo-nos.

A inteligência e a perspicácia fazem mudar o rumo dos acontecimentos; não necessariamente o curso da História.
O fato dos presidentes Blatter e Rousseff não discursarem na abertura da Copa 2014 é um ato de política da boa vizinhança - e de socratismo.
Pode parecer covardia, mas vejo como prudência. Como diz o ditado, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
O ato não é uma omissão, mas uma afirmação de reconhecimento e respeito pelos envolvidos e pelo envolvimento que esta festa traz.
Não sou devoto de futebol, nem de São João. Já pulei fogueira e hoje procuro me esquivar das fumaças suspeitas. É uma tentativa de evitar problemas.
Assim fazem aqueles dois presidentes. Omitir-se para demonstrar respeito e reconhecimento.
Não são papas, mas procuram poupar para ser poupado.
Pelo trocadilho peço vênia, mas vale pelo pensamento franciscano, tal como canja de galinha: não faz mal a ninguém.
Como eu sempre tenho dito: "A ditadura não acabou. Ficou inteligente".

Com o neo-liberalismo e o valor do capital financeiro maior do que o capital humano, temos o fim do valor da palavra. Vale a força policial e a vontade da autoridade. É o autoritarismo velado que se consubstancia aos poucos.
A materialização disso está no ato do Supremo.
Joaquim Barbosa hoje é o Supremo.

E a mídia?
A Mídia faz o trabalho de espalhar os excrementos eletronicamente.




Não resiste, o jornalista a serviço do caos não resiste e põe no megafone, põe no arauto do dia, põe na gazeta e põe no html.
É a tecnologia eletrônica a serviço do capital financeiro para jogar areia nos olhos de quem tenta fazer foco. Mas a leitura de primeira instância é mais forte do que a leitura profunda. Infelizmente, a leitura profunda é feita somente por uma rala parcela da população.
A escola ainda não percebeu que o celular pode ser um aliado, o qual, até agora está proibido em sala de aula. A mídia terá um dia que ser desmascarada e desmoralizada de vez; não por ser mídia, não por ser viciante, mas por ser monopolizada pelo capital financeiro.

A palavra que as Escrituras conseguiram construir para a servidão ao Senhor, está fadada a mera figura de retórica da fofoca e da ilação. Hoje, a mesma palavra que denuncia, se esvazia na imensidão do caos eletrônico por onde é veiculada. A palavra não vale nada!

Na verdade, atos como o de Joaquim Barbosa são possíveis em um ambiente de omissos e subalternos vendidos ao poder do capital financeiro.
No entanto, esses mesmos atos podem até ajudar a melhorar a (frágil) Democracia Brasileira, à medida que cria o ambiente para o protesto e a indignação.
Com ou sem bad blocks.

terça-feira, 10 de junho de 2014

A Copa no Brasil: não a minha Copa.

Não vou negar que a retórica do futebol é primorosa; a fé em um mundo melhor é o combustível para esta alegria.
A consciência, no entanto, não está adormecida. Há manifestações por aí. Isoladas, mas há.
Se é um momento de alegria, que seja eterno, intenso e compensador.
O povo é vencedor. Por isso, entendo que vai parar tudo para ver o jogo da Seleção Brasileira, ainda que não seja a minha, ainda que não seja o meu esporte, ainda que não seja a minha paixão, ainda que não seja a minha prioridade, ainda que não seja razão para minha alegria.


Não vou torcer e não espero que esta Seleção de jogadores, atletas vençam esta Copa.
 

Espero pela vitória do sentimento de nação e do orgulho de se ter nascido no Brasil e ter feito história aqui.
Seleção não faz história e vence pelo caneco, por uma copa mundial, fonte de riquezas e alegrias para multidões.


O dia seguinte, enxugando o suor da torcida temos um trabalho a fazer:um País por construir. 

Se vencermos, melhor, mas somente como um tempero, não como o prato principal.

A Seleção que deverá vencer está por ser eleita nas próximas eleições de outubro/2014, com ou sem caneco debaixo do braço ou no andor da FIFA - escondido, guardado como um souvenir de uma viagem ao País das Alegrias e dos Sorrisos à beira-mar.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

O Círculo da Mídia

Editorias. Temos muitas: política, fanzine, cultural, cidade, mundo, economia, policial e outras. Mas falta aquela que fala essencialmente da questão social, reduzida a notícias diluídas. Os poderes midiáticos não estão interessados nas questões sociais e, por isso, não abrem um caderno, muito menos uma revista para tal. O Social está em baixa, do ponto de vista midiático, justamente porque não tem um patrocinador interessado no assunto. As ONGs com perspectivas filantrópicas não patrocinam nem anunciam, pois esperam ser patrocinadas.
Qualquer ação social é feita aos pedaços, aos projetos, com início, meio e fim, ainda que sejam fundações voltadas para crianças. É uma colcha de retalhos desintegrada, isto é, sem integração. As iniciativas voltadas para uma determinada comunidade ou um público alvo específico são fonte de subsistência dessas organizações, que se alimentam da ausência do Estado, daí serem enquadradas como o Terceiro Setor.
A Mídia a serviço desta ausência também ocupa a lacuna viciosa.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Santa Maria, Rogai na Hora do Beijo da Morte

          Ave Maria, oração tão bem dissecada por Tomás de Aquino é uma celebração ao momento da morte, inclusive. A cidade de Santa Maria e seus mais de 240 mortos - na boate Kiss - tornou-se o baluarte da oração (parte que não está na Bíblia  - cf. em Origem Oração Ave Maria ), mas ganhou um evento de proporções bíblicas, com direito a profecia, até.
         A mídia tenta paralisar o tempo; os editores  (os operadores dos holofotes midiáticos) e respectivas mariposas buscam novos fios de luz na tentativa, não de aliviar a dor dos parentes e dos sobreviventes, uma vez que os falecidos não sofrem mais; pior: sublinham o velório, momento que mais se sofre pela perda do ente. Caçam sobreviventes para entrevistas catatônicas.
     No intento de esclarecer o ocorrido, a mídia camufla algumas razões, alguns fatores e até ocultam responsabilidades possíveis, uma vez que está mais interessada na audiência e no status quo destes desastres, isto é, quanto mais tragédias e genocídios, melhor, mais anúncio e mais projeção para a importância do ato de informar fatos e cataclismos. Aos berros.
    Por outro lado, a mídia quer apresentar o máximo de especialistas e órgãos responsáveis: a prefeitura, a defesa civil, a construtora do prédio, a corrupção que permitiu o funcionamento da casa de show, os chineses por inventarem a pólvora, os engenheiros de tubulação, os fabricantes e projetores das saídas de emergência, os tipos de garrafas e cilindros dos extintores, os que estavam e os que não estavam funcionando, e uma sequência de outros culpados, inclusive o maior deles, o dono do estabelecimento que servirá de boi de piranha, de bode expiatório, de judas em sábado de aleluia, de Pilatos por ter lavado as mãos com o dinheiro da féria da festa etc.
    Não foi possível a nenhum jornalista ou canal de notícias omitir-se, deixar de cobrir e enviar arautos com seus pads a fim de trazer um dado novo ou repetido. As paráfrases se espalharam por dias a fio desde o dia que as parcas imagens se transmitiram pelos fios invisíveis dos satélites de comunicação que o Brasil aluga para momentos como esse, inclusive.
     Jornais e botequins, festas e festinhas, jovens e idosos são interlocutores de mais uma tragédia para inaugurar 2013 (uma vez que a enchente de Duque de Caxias-RJ foi salva pelo cantor Zeca Pagodinho).
A obrigação do assunto e a discussão sobre a verdade que levou a essa tragédia anunciada ainda tem vida longa, talvez mais longa que a do Bateau Mouche em 1988, com 150 vítimas em pleno réveillon.

Em busca de tragédias anunciadas
Há programas de documentários americanos que apresentam caçadores de tufões, vulcões, furacões, com direito a patrocinadores e uma parafernália tecnológica de instrumentos e prospecções para o estudo, fotografias e documentação a fim de mostrar as tragédias anunciadas. Sem precisar pagar royalties aos ianques, a mídia brasileira teria este filão, em vez de mostrar esses garotinhos de 26 anos em busca de aventuras radicais e quedas dágua na Tailandia - nada contra os passeios e novidades do canal GNT - mas deve haver jornalista afeito a estas descobertas, estas prospecções de casas de multidão prontas para explodir.

    Agora temos a receita publicada, inclusive no Youtube, não só de como fazer pólvora, mas também, ficou fácil fabricar um barril explosivo com pessoas dentro (com ou sem pólvora - para não culpar os chineses pela pirotecnia de diversão, tão difundida em Copacabana na passagem de ano). Talvez seja mais difícil achar estes barris, pois estão bem camuflados por vários agentes: a prefeitura, o proprietário, os agentes de bombeiros, a defesa civil e outros órgãos que exigem alvará de funcionamento.
     Fica fácil, depois que explodem como foi o caso da Boate Kiss - o Beijo da Morte.

"Boate Kiss - o Beijo da Morte" poderá ser a versão 2013 do filme Ônibus 174 no cinema para 2014.